O Pensamento de #Honório #Abreu - #Gênesis Cap. 1





Por Cláudio Fajardo
Sobre Deus e a Criação
Dissertação sobre Deus e a Criação baseada nos estudos de Honório Abreu sobre o capítulo primeiro do livro Gênesis.
Honório Abreu, nos apresenta uma perspectiva interessante do conceito de Deus em seus estudos. Para ele, Deus é um ser que, além de criar, participa ativamente da criação. Há um acompanhamento constante e atento ao processo de criação, como podemos ver nas passagens em que Deus observa e avalia sua obra, dizendo que tudo é "bom". Esse acompanhamento não é apenas uma supervisão distante, mas uma presença ativa que assegura a ordem e a beleza de sua criação.
Além disso, ele destaca a importância do amor, da cooperação e da valorização do próximo como princípios divinos essenciais para a construção de um mundo melhor. Ele enfatiza que o amor é a força motriz que deve guiar nossas ações e relações, refletindo a própria natureza divina.
Há também uma clara distinção entre o papel das revelações espirituais, como a lei mosaica, os ensinamentos de Jesus e a doutrina dos Espíritos, mostrando a progressão e a importância de cada uma na evolução espiritual da humanidade. Honório Abreu sublinha a importância da introspecção e autocrítica para superar mágoas e ciúmes, promovendo tanto a edificação pessoal quanto a coletiva.
Em resumo, o conceito de Deus é o de um Criador presente e ativo, cujo amor e sabedoria são a base para a ordem e a beleza do universo. Essa visão destaca a responsabilidade humana de refletir esses atributos divinos em suas ações cotidianas para alcançar uma evolução espiritual verdadeira.
Honório destaca ainda a ideia de que "Deus cria, mas não faz, quem faz são os espíritos, agentes dedicados de Deus"; esta ideia está alinhada com o pensamento de que Deus, em sua infinita sabedoria e poder, cria as leis universais e os elementos fundamentais da existência, mas é através dos espíritos que essas leis são executadas e manifestadas no mundo material (Cf. O Livro dos Espíritos questão 536 b).
Dentro dessa perspectiva, Deus é visto como o Grande Arquiteto que desenha o plano geral do universo, enquanto os espíritos são os construtores e operários que trabalham ativamente para materializar esse plano. Assim, os espíritos, incluindo nós, enquanto encarnados, somos responsáveis por dar vida e forma ao que foi idealizado por Deus.
No Espiritismo, por exemplo, os espíritos têm diferentes níveis de evolução e cada um desempenha um papel específico conforme sua capacidade e seu grau de desenvolvimento moral e intelectual. Espíritos mais elevados atuam em planos mais complexos e sofisticados, enquanto os menos evoluídos estão envolvidos em tarefas mais simples.
Além disso, o trabalho dos espíritos está ligado à ideia de progresso contínuo. Eles são encarregados de influenciar, inspirar e auxiliar na implementação de avanços e melhorias, tanto no nível espiritual quanto material. Isso inclui a participação em fenômenos naturais, evolução das espécies, inspirações artísticas e científicas, entre outras formas de manifestação.
É uma visão que integra a noção de cooperação e interdependência entre o plano divino e o esforço contínuo das entidades espirituais em toda a criação. Deus, como uma força suprema, criou a matriz da existência, mas é através do trabalho constante dos espíritos que o universo está em movimento e evolução.
Esta ideia nos convida a refletir sobre nossa própria responsabilidade e papel no grande esquema da criação, reconhecendo a importância de nossas ações e de nosso desenvolvimento espiritual na construção de um mundo melhor. Que tal pensarmos juntos em como podemos aplicar essa visão no nosso dia a dia para sermos cocriadores de uma realidade mais harmônica?
O conceito de Deus apresentado por Honório Abreu na obra pode ser destacado como uma visão que integra elementos das três principais revelações espirituais - a lei mosaica, os ensinamentos de Jesus e a doutrina dos Espíritos. Esta abordagem oferece um Deus que não é apenas o Criador do universo, mas que também participa ativamente da Criação e da evolução contínua do mundo, com um foco particular na relação amorosa e cooperativa entre todas as suas criaturas.
Comparando com outras religiões:
  1. Judaísmo: A visão de Deus como Criador presente e ativo ressoa com o Deus da lei mosaica, que está sempre presente e guiando seu povo, embora com um foco maior na lei e na justiça divina.
  2. Cristianismo: Honório Abreu destaca a centralidade do amor, ensinada por Jesus, colocando Deus como uma figura que personifica o amor e a sabedoria, princípios que devem guiar as ações humanas.
  3. Espiritismo: A doutrina dos Espíritos introduz a ideia de que Deus cria e os Espíritos executam suas leis, destacando a responsabilidade dos Espíritos (incluindo os humanos) em cocriar e evoluir, em alinhamento com a vontade divina.
Em contraste com algumas visões mais distantes de um Deus que apenas cria e depois se afasta da Criação, a visão de Honório Abreu é de um Deus que está profundamente envolvido, observando e afirmando que tudo é "bom", e que guia o desenvolvimento espiritual da humanidade de forma direta e contínua.
O relato dos sete dias da Criação, conforme descrito por Honório Abreu, oferece uma interpretação que vai além da simples narração cronológica e literal. Vamos a um resumo das ideias mais importantes:
Primeiro Dia: Deus criou a luz e separou-a das trevas, chamando a luz de Dia e as trevas de Noite. Este dia marca a criação da dualidade essencial que permitirá a distinção entre luz e trevas, ou seja, o conhecimento da verdade e a ignorância.
Segundo Dia: Deus criou o firmamento para separar as águas de cima das águas de baixo. Chamou este firmamento de Céu. Este dia simboliza a criação de um espaço de interação entre os elementos superiores e os inferiores, representando a ligação entre o espiritual e o material.
Terceiro Dia: Deus reuniu as águas sob o Céu em um só lugar, fazendo aparecer a porção seca, chamada Terra, e as águas, chamadas Mares. Então, Ele ordenou que a Terra produzisse vegetação, plantas com sementes e árvores frutíferas. Este dia ilustra a criação da estabilidade e a base para a vida, assim como a relação simbiótica entre a terra e a água, criando condições para a vida.
Quarto Dia: Deus criou as luminárias no firmamento do Céu para separar o dia da noite e para servir de sinais para estações, dias e anos. As luminárias maiores (o Sol e a Lua) e as estrelas foram criadas para iluminar a Terra. Este dia representa a ordem no tempo e a criação dos ciclos naturais que regulam a vida na Terra.
Quinto Dia: Deus criou os seres vivos nas águas e as aves que voam sobre a Terra. Este dia ilustra a diversidade da vida e o início da multiplicidade das espécies vivas.
Sexto Dia: Deus criou os animais terrestres e, finalmente, criou o ser humano à sua imagem, dando-lhes domínio sobre todos os outros seres vivos. Este dia simboliza a criação da consciência e da responsabilidade moral do ser humano no mundo, destacando a superioridade e a responsabilidade do ser humano sobre a criação.
No texto bíblico, temos que compreender a expressão "à imagem de Deus e à semelhança..." pois existem múltiplas interpretações, dependendo da tradição religiosa ou espiritual que se analisa.
No Espiritismo, essa ideia é frequentemente vista levando-se em conta a existência dos Espíritos Cocriadores. Esta interpretação sugere que, fomos criados à imagem de Deus, e à semelhança dos Espíritos Cocriadores que tiveram um papel significativo em nossa criação e evolução. Esses Espíritos Cocriadores são entidades altamente evoluídas que auxiliam na criação e organização do universo sob a supervisão de Deus. Fica desta forma explicado o plural em Gênesis, 1: 26 e o singular em 1: 27 com os verbos "fazer" e "criar" respectivamente.
Honório Abreu explora profundamente a criação descrita em Gênesis, podemos ver uma congruência com a ideia dos Espíritos Cocriadores. Ele menciona que a criação envolveu uma "nuvem de forças cósmicas" que trouxe vida ao planeta. Isso pode ser entendido como uma intervenção de Espíritos evoluídos, contribuindo para a manifestação da vida na Terra.
Entender Gênesis 1:26-27 dentro dessa interpretação é realmente fascinante e oferece uma nova perspectiva. Na teologia convencional, a passagem do "façamos o homem" é geralmente entendida como uma referência à pluralidade de Deus, sugerindo a Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo. No entanto, dentro da perspectiva espiritista, apresentada por Honório Abreu, podemos ver uma divisão de responsabilidades entre Deus e os Espíritos cocriadores.
Gênesis 1:26: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança..."
Gênesis 1:27: "E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou."
A ideia do "façamos" (no plural) interpretada por Honório Abreu sugere que Deus, ao idealizar a criação do homem, trabalha com os Espíritos cocriadores. Estes, mais evoluídos, colaboram ativamente no processo de fazer, organizar e plasmar a forma humana em planos intermediários, enquanto Deus é a força suprema que cria e infunde a essência e o propósito divino na criação, no singular "criou".
Criar vs. Fazer:
  • Criar (Deus): Neste contexto, "criar" refere-se à ação divina, onde Deus é a força suprema responsável por trazer à existência a essência e o propósito divino no ser humano. Esta criação é relacionada à dimensão espiritual e à imagem divina no homem.
  • Fazer (Espíritos Cocriadores): "Fazer" refere-se ao trabalho dos Espíritos Cocriadores, que colaboram ativamente no processo de plasmar a forma humana nos planos intermediários. Eles organizam, estruturam e moldam a forma física e material do homem.
Assim, a ação de "criar" é atribuída a Deus, enquanto a ação de "fazer" é atribuída aos Espíritos. Este entendimento destaca a colaboração harmoniosa entre Deus e os Espíritos Cocriadores no processo de criação do homem. Deus concede a essência espiritual e o propósito divino, enquanto os Espíritos Cocriadores trabalham na formação e organização do corpo físico.
Esta distinção reflete o papel de Deus como a fonte suprema de criação e os Espíritos Cocriadores como agentes colaboradores que auxiliam na manifestação física da criação divina.
Assim, a criação do homem envolve tanto um aspecto divino, que lhe dá sua essência espiritual e moral, quanto um aspecto espiritual colaborativo, que lida com a formação do corpo físico e das condições materiais da existência humana.
Sétimo Dia: Deus descansou de toda a obra que havia feito, abençoando e santificando este dia. O sétimo dia representa a importância do descanso e da contemplação, do equilíbrio entre trabalho e repouso, e simboliza a completude e a harmonia da criação divina.
Assim, a interpretação de Honório Abreu vai além da simples narrativa e nos convida a refletir sobre os princípios divinos e espirituais que guiam a nossa existência e a evolução do mundo. Existe muito simbolismo e profundidade nos sete dias da criação, destacando a interação entre os elementos, a dualidade, a ordem no tempo, a diversidade da vida, a consciência humana e a necessidade de equilíbrio entre ação e contemplação.
A interpretação dos "dias" no relato bíblico do Gênesis geralmente não se refere a dias literais de 24 horas. Muitas tradições religiosas e interpretações teológicas compreendem esses "dias" como períodos indefinidos que poderiam representar eras ou longos períodos de transformação e desenvolvimento.
A ciência moderna apoia essa visão não literal ao afirmar que a formação da Terra e o desenvolvimento da vida ocorreram ao longo de bilhões de anos. A teoria do Big Bang sugere que o universo se formou há cerca de 13,8 bilhões de anos, e a Terra se formou há aproximadamente 4,5 bilhões de anos. A evolução da vida na Terra, desde os organismos unicelulares até a grande diversidade de seres vivos, é um processo que se estende por bilhões de anos.
Portanto, ao invés de ver os "dias" da criação como períodos de 24 horas, é mais coerente interpretá-los como fases extensas de transformação, alinhando-se assim com a ciência. Este ponto de vista não diminui a importância do relato, mas permite uma interpretação que integra conhecimentos científicos modernos sobre a origem e desenvolvimento do universo e da vida na Terra.
Outra questão bem trabalhada por Honório abreu é a simbologia dos números nas Escrituras. Trata-se de um aspecto intrigante na Bíblia que, de acordo com Honório Abreu, oferece significados profundos relacionados à evolução espiritual. Vamos explorar alguns números simbólicos e seus significados:
  1. Número 3: Representa a Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo. No contexto da evolução espiritual, indica a integralidade e perfeição dos processos evolutivos e a cooperação entre os três aspectos do plano operacional de Deus no crescimento do espírito.
  2. Número 7: Frequentemente associado à completude e perfeição espiritual. No Gênesis, a criação se completou em sete dias, simbolizando a totalidade e a ordem divina. Também sugere um ciclo completo de desenvolvimento espiritual, com etapas de aprendizado e transformação.
  3. Número 12: Visto como um símbolo de universalidade, de governo e autoridade espiritual. Os 12 filhos de Jacó que deram origem às 12 tribos de Israel e os 12 apóstolos de Jesus são exemplos notáveis. Representa a estrutura e organização espiritual necessárias para a evolução do espírito em um contexto coletivo.
  4. Número 40: Associado a períodos de provação, teste e preparação. Por exemplo, os 40 anos que os israelitas passaram no deserto antes de entrar na Terra Prometida e os 40 dias que Jesus jejuou no deserto. Esses períodos de 40 simbolizam os desafios e testes que o espírito deve enfrentar e superar para alcançar um nível mais elevado de evolução. Tanto o quatro como quatrocentos, são derivações e têm o mesmo significado.
  5. Número 1: Reflete a unidade e a singularidade de Deus. Na evolução espiritual, indica o início de um novo ciclo de aprendizagem e a busca pela conexão direta com o Criador.
Esses números e outros na Bíblia são usados como símbolos para descrever as etapas e os processos da evolução espiritual. Eles ajudam a ilustrar a jornada do espírito, desde suas provações iniciais até a realização e a união com o divino.

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